Por Paula Monteiro – 2022

Se eu pudesse descrever a experiência de hoje em uma palavra, seria “surreal”. Começamos nossa aventura em um lugar que parecia saído de um filme pós-apocalíptico, o Cemitério de Trens. As antigas locomotivas, agora adormecidas e enferrujadas, contavam histórias de uma era em que o trem era o rei das viagens. Fiquei fascinada ao caminhar entre os gigantes de metal, sentindo o peso da história ao meu redor. Era como se o tempo tivesse parado ali.

De lá, seguimos para Colchani, uma pequena vila encantadora famosa por suas artesanias. Ao chegar, fui envolvida pela simplicidade e autenticidade das pessoas. Observamos como a comunidade mantém viva a tradição artesanal e, claro, não pude resistir a comprar alguns souvenires típicos para levar um pedacinho da Bolívia comigo.

Depois, uma parada interessante: visitamos uma processadora de sal, onde aprendemos sobre os métodos tradicionais de extração e preparação do sal. Foi surpreendente ver como algo tão cotidiano como o sal pode ter um processo tão fascinante por trás.

Agora, sem dúvida, o ponto alto do dia foi chegar ao Salar de Uyuni. É difícil descrever o que senti ao ver aquele mar branco de hexágonos se estendendo até onde os olhos alcançam. Uma sensação de pequenez diante da imensidão da natureza me dominou, e tudo o que pude fazer foi respirar fundo e admirar a beleza única do lugar.

Uma das partes mais curiosas foi ver os Ojos de Sal, com a atividade vulcânica ainda presente. Pequenos respiradouros no salar mostravam a força geotérmica sob nossos pés, criando uma cena tão exótica quanto impressionante.

Outro momento que ficou marcado foi a visita à misteriosa Escada para o Céu. A ilusão criada entre a obra e o reflexo no salar faz com que você se sinta subindo diretamente para o céu. Tirei várias fotos, tentando captar a magia daquele momento.

Por falar em arte, vimos várias esculturas feitas de sal, verdadeiras obras-primas que representam a cultura local. A criatividade e a habilidade das pessoas que vivem nesse lugar tão inóspito me deixaram admirada.

E, claro, não faltaram oportunidades para sessões de fotos criativas. O salar oferece um dos cenários mais peculiares do mundo, e tiramos fotos brincando com as proporções, onde objetos pequenos pareciam gigantes, e nós, minúsculos.

Uma breve parada no Hotel de Sal nos transportou para o passado. Agora transformado em um museu, o hotel conta a história dos primeiros aventureiros que se atreveram a construir algo no meio deste deserto salgado. A arquitetura feita completamente de blocos de sal é impressionante.

Logo depois, visitamos a colorida Plaza das Bandeiras, um símbolo da internacionalidade do lugar. Bandeiras de todos os cantos do mundo balançavam ao vento, um lembrete de quantas pessoas, de tantas culturas diferentes, já passaram por ali.

Nossa penúltima parada foi no icônico Monumento do Rally Dakar, uma homenagem a uma das competições automobilísticas mais desafiadoras do planeta, que passou por essas terras áridas e deixou sua marca.

O ponto final do dia foi talvez o mais mágico de todos: o famoso efeito espelho do Salar. O salar, coberto por uma fina camada de água, refletia o céu como um espelho perfeito. Era como se estivéssemos flutuando entre o céu e a terra, em um mundo sem horizonte. E, como se não fosse o bastante, nos preparamos para o pôr do sol.

A despedida do dia foi tão espetacular quanto o início. O céu explodiu em tons de laranja, rosa e roxo, enquanto o sol descia lentamente. Brindamos com vinho no meio do salar, acompanhados de um delicioso piquenique, celebrando o fim de uma jornada que ficará para sempre gravada na minha memória.

Enquanto escrevo, ainda sinto a energia do Salar de Uyuni, um lugar onde o tempo parece não existir e a beleza da natureza nos faz questionar o que é real. Mais um dia que me lembra por que amo viajar.

Por Paula Monteiro –  (Jornalista e Mochileira)